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A vil pequenez de Pisco

pcp-logotipoNa edição de 9 de Maio de 2008, o Mundo Português, semanário publicado em Lisboa,publica um artigo do camarada João Armando, da DOE do PCP, em resposta a um artigo publicado no mesmo jornal, na sua edição de 25/4/2008, assinado pelo Director do Departamento Internacional e de Comunidades do PS.

 

João Armando

da Direcção da Organização na Emigração do PCP

O Mundo Português publicou na semana passada um artigo assinado pelo Director do Departamento Internacional e de Comunidades do PS, Paulo Pisco de seu nome, onde este disserta sobre: Os comunistas a democracia e o ensino na Alemanha.

O disparate atravessa todo o texto que cheguei a pensar não valer a pena responder a tantos impropérios. Mas, como diz o ditado popular, quem não sente não é filho de boa gente...

PP tem todo o direito de não gostar do PCP. Tem todo o direito de combate-lo no plano das propostas políticas, no plano das ideias bem como quanto ao projecto de sociedade sobre o qual muito divergimos.

Mas o que PP faz, nesta sua prolifera prosa, nada tem a ver com o debate de ideia ou mesmo combate político. O que PP faz é um insulto à inteligência das pessoas: substitui o debate político, onde se afirmam diferenças, por um conjunto de insinuações e mentiras assentes em preconceitos anti comunista que, de tão primários, nos fazem lembrar um passado de triste memória e que a Revolução do 25 de Abril deveria ter banido.

PP fez-me vir à memória aquela história em que o assaltante de uma loja abala a fugir pela rua a gritar agarra que é ladrão, desta forma dispersa as atenções e consegue fugir com o produto roubado. Percebemos a ingrata tarefa de PP em se esforçar na defesa de um Governo que na emigração encontra poucos adeptos. PP precisa gritar a qualquer custo que são os outros que não sabem apreciar o Governo que temos e considera que todos aqueles que se manifestam contra a política do Governo do PS são instrumentalizados pelos comunistas, como sejam:

Os mais de 1 milhão e 400 mil trabalhadores que fizeram greve geral (Maio 2007) por emprego com direitos e melhores salários;

Os mais de 200 mil trabalhadores que de todo o país vieram a Lisboa (Outubro 2007) para exigir uma Europa social e emprego com direitos;

Os 100 mil professores que vieram a Lisboa manifestar-se (Março 2008) contra a política do Ministério da Educação;

Os mais de 10 mil jovens trabalhadores que manifestaram em Lisboa (Abril 2008) contra a precariedade no emprego;

Os milhares de emigrantes que nos EUA, no Brasil, em França e noutros países manifestaram contra o encerramento de consulados;

As centenas de portugueses emigrados que no verão passado vieram a Lisboa manifestar o seu repudio pela política de emigração do Governo;

As centenas de portugueses que este ano na Alemanha exigiram a colocação de professores e estabilidade na rede do ensino de português;

São alguns dos exemplos que aqui recordamos de uma lista infindável das muitas e muitas acções que na opinião de PP e de outros dirigentes do PS mais não foram do que manifestações de gente mal agradecida que se deixa instrumentalizar pelo PCP, gente que não reconhece o esforço patriótico do Eng. Sócrates e do seu Governo. Um Governo que desenvolve uma política que engorda o grande patronato, a banca e a especuladores financeiros, ao mesmo tempo que os trabalhadores e as famílias vivem com cada vez mais dificuldades, cresce o desemprego, aumenta o custo de vida. Em suma: Os ricos cada vez mais ricos e o povo trabalhador vive cada vez com mais dificuldades.

Mas a vil pequenez de Pisco não lhe permite distinguir o que felizmente cada vez mais portugueses, em Portugal e na emigração, vêem: o legitimo e natural envolvimento dos militantes comunistas nas mais amplas e diversas organizações sociais onde a par de conviverem e trabalharem, lutam e incentivam a lutar. Lutam contra o encerramento de centros de saúde, de maternidades,de hospitais. Lutam contra o desemprego, a precariedade e repressão à actividade sindical nas empresas. Lutam para que os ideais e as conquistas de Abril, tão maltratadas pelos vários governos, de cores diversas, mas sempre com políticas de direita, se mantenham vivos e desenvolvam.

Os comunistas lutam na emigração contra o encerramento dos consulados e por melhores serviços públicos, contra o desmantelamento da rede e dos cursos de língua portuguesa, pelo cumprimento da promessa dos sucessivos governos em regulamentar a lei no que diz respeito à contagem de tempo para efeitos de reforma para os ex-militares, lutam pela dignificação do Conselho das Comunidades Portuguesas e sua verdadeira autonomia, lutam pelo apoio ao movimento associativo sem abusivas intromissões como aquelas que o Governo se prepara para fazer, lutam pelo apoio aos órgãos de informação das comunidades e aos órgãos de informação regionais.

Provavelmente irei dizer algo que não mais vai deixar os piscos que por aí circulam dormir descansados: Onde quer que se encontrem os militantes comunistas assumirão sempre uma postura de combate contra as políticas injustas dos governos, qualquer que ele seja. Os militantes comunistas estarão sempre do lado certo, do lado dos mais desfavorecidos, do lado daqueles que são vitimas das politicas de direita (ontem do PSD/PP, hoje do PS) que tantos prejuízos tem feito a Portugal e aos portugueses dentro e fora do país. Os militantes comunistas têm e terão esta postura não porque recebem ordens da direcção do PCP, mas porque a sua qualidade de comunistas assim o exige, estar sempre do lado dos trabalhadores e do povo contra as injustiças e as discriminações, por uma outra política ao serviço do povo.

Os comunistas podem afirmar com toda a autoridade, confirmada pela realidade, que não existe em Portugal um outro Partido que mais tenha lutado durante a noite negra fascista pela Liberdade e a Democracia do que o PCP. São factos que sempre ficarão na História de Portugal, independentemente das blasfémias e da pequenez de piscos que por aí proliferam à sombra das benesses do poder.

Foi no passado , é no presente, continuará a ser no futuro: Um incansável defensor e combatente pelas Liberdade e Democracia.

Quanto à sua vida interna, o PCP também não tem lições a receber. Sem menosprezar as suas próprias insuficiência, debilidades e dificuldades, este Partido caracteriza-se por ter uma vida interna intensa que desde logo pode ser verificada através da agenda e das notícias publicadas no “Avante!”, jornal do PCP. No PCP as decisões, dos organismos de base ao topo, são tomadas pelo colectivo, por vezes após acessos debates, e são assumidas por todos, porque nelas participaram, nelas se revêem, mesmo quando a sua opinião pessoal não vingou. No PCP privilegia-se a discussão das políticas que na opinião dos comunistas interessam ao país e ao povo, não se discute o programa deste ou daquele dirigente, desta ou daquela facção.

Os comunistas orgulham-se do passado e do presente do seu Partido e não permitirão que sejam outros a determinar a sua vida interna. Foi precisamente por isso que no passado dia 1 de Março mais de 50 mil comunistas e muitos outros democratas participaram na Marcha da Liberdade e Democracia, realizada em Lisboa. O grande colectivo partidário veio à rua dizer NÃO ! à lei dos partidos, imposta pelo PS e pelo PSD, cujo principal objectivo é o de pretender transformar o PCP num partido igual aquilo que eles são: partidos que existem para defender os interesses dos grandes grupos económicos e financeiros; partidos onde se cruzam e chocam vários grupos de interesses, onde os seus chefes se procuram colocar na melhor posição a pensar nos interesses de grupo e não no país e no povo.

O PCP recusa a formatação da vida interna dos partidos que o PS com o apoio do PSD querem impor a todos os outros através de legislação anti democrática, impondo regras de funcionamento internas que devem ser definidas e reguladas apenas pelos seus membros. O PCP recusa a fulanização da política que tão bem tem servido as políticas de direita que à mais de 30 anos governam o país limitando-se os partidos que as protagonizam (PS, PSD e CDS/PP) a substituir os seus dirigentes quando as suas políticas são penalizadas (na rua e pelos votos) acabando por ficar tudo na mesma.

O PCP tem na sociedade portuguesa um peso que extravasa, de longe, a sua representação institucional, um reconhecimento que decorre da sua exclusiva intervenção quantas vezes silenciada pelos grandes meios de comunicação social - cada vez mais nas mãos de grupos económicos - e deturpadas com o recurso à mentira e à calunia.

O reconhecimento do PCP está intimamente ligado à intervenção dos seus militantes nomeadamente no movimento sindical, nas colectividades e nos movimentos sociais criados pelas próprias populações em defesa de questões bem concretas como sejam, os centros de saúde, hospitais, maternidades, acessibilidades, melhores serviços consulares, mais professores e uma melhor rede de ensino para as comunidades.

O Governo PS de Sócrates pode contar com PP para a defesa da sua política contra as comunidades, os emigrantes podem contar com o PCP e os seus militantes na luta contra essa política.